vezenquando

Monday, April 18, 2011

Bande à part

tem uma hora que tudo fica rápido demais. logo no início, quando as noites parecem mais longas e os dias são fantasia. quando as palavras querem dizer coisas e as coisas têm entrelinhas. e as entrelinhas têm sonho. Let's dance, little stranger... a grande possibilidade de felicidade. que pode murchar por um passo em falso. um fio de cor diferente. um sorriso na hora errada. qualquer coisa que, no meio da velocidade, faz parar. ali, sabe? quando caminhamos nessa linha tênue que separa a vida real da vida que poderia ser. os cacos mastigados de todo dia de um lado e aquele espaço com abraços e sofás felpudos de confiança do outro. estrada que me leva do corredor de salas vazias para o jardim com sol, flores e amor. bem ali, naquele oco. Won't you dance with me in my world of fantasy? mas os pés sempre se separam. a música para. por algum motivo que eu não chego a entender. dançando sozinha, imaginando. feito criança sorrindo e correndo para a praia no fim da tarde, quando todo mundo está voltando. ali, sonhando com os olhos abertos, acreditando que é real, enquanto você foi embora. há muito tempo.

Friday, April 01, 2011

Ceremony

Das surpresas que aguardam na esquina. Calçada de casa, corredor da faculdade, seção de vinhos do Pão de Açúcar, café no meio da tarde. Confissões gratuitas. Pelas coisas que menos espero e que se transformam em passos congelados, olhos tão cansados, falta de palavras. Pelas músicas que explodem na cabeça, heaven knows it's got to be this time, pelas risadas inesperadas, alegria de uma conversa perdendo ônibus, o sono, o horário de manhã cedinho. Entre um abraço no silêncio da noite, a visita de repente, o café quente com literatura russa, baudelaire, um esmalte novo, um chocolate. Pela promessa do que pode ser, pelo movimento de pegar a mochila no banco de trás, sorrir e baixar o volume do som. Pelo que fica, pelo que se vai, pelas ligações de madrugada, pela coreografia de balé sobre o tapete e interfone reclamando da conversa alta. Pelos copos e rolhas espalhados pelos cantos, pelos almoços curtos descobrindo gente nova e tão bela, pelo céu bem azul de outono, minha estação preferida nessa cidade que para de ser cinza e vira anil. É só pelas surpresas que se escondem nos detalhes. Só por elas que sorrio quieta e digo sim.