vezenquando

Wednesday, June 20, 2007

Benditas quartas-feiras

Una inquietante mirada de amor porteño
Cálida y cruel
No, no puedo creer que pasó
Que el misterio sensuel de tu risa canyengue
Se apagó

Brindo por esa ilusión de amor porteño
Loco puñal
Dulce y fatal, la nostalgia
De un tiempo pedazo de
Nosotros dos

Y yo que pensaba que no me importaba
Que una caricia podía borrar el color
De mi ciudad …

El código oculto de esa mirada
Es como una señal
Y no puedo zafar
Un deseo sutil que temblando me viene a buscar

É isso.
Gotan, hoy.

Wednesday, June 13, 2007

Historinhas - Cap. 4, versão 12 de junho.

You got me off the paper round, just sprang out of the air,
the best things come from nowhere, I love you I don’t think you care.”


Afastou a franja da testa com um sopro e disse: “vamos.”
O dia era cinza, sol frio, junho. Na praça onde passou para comprar um girassol e um despertador vermelho, cheiro de quentão, pinhão. “Sou junina”, pensou. “Por isso amo os geminianos de junho”. E continuou andando.
Atravessou a porta de vidro, sorriu para o porteiro e chegou ao 81 “quando tudo acabar, como é que vou esquecer o número desse apartamento? É o ano em que nasci, droga.” Atrás da porta, tocava provavelmente Beatles, Lucy in the sky with diamonds – era a cara dele, a música que colocava para esperá-la. Um abraço, um beijo, dois sorrisos, “meu Deus, então chegamos até aqui”, pensaram. No quarto cinza – ele é sempre cinza na lembrança dela – ao pé da janela aberta, ela entregou o girassol, o despertador vermelho. Em troca, O Jogo da Amarelinha, comprado em sebo, sem capa de presente. “Queria te dar aquela edição nova, é tão linda, mas tão cara...” Ela sorriu e abriu a edição no capítulo 7 para ter certeza de que estava lá:

“Toco tua boca, com um dedo toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que minha mão escolheu e te desenha no rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhá-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que sorri debaixo daquela que a minha mão te desenha.”

Então de mãos dadas – muito raramente eles se davam as mãos, mas ela se lembra das mãos dadas no frio – saíram para a cidade, chuva fina, começo de tarde, as ruas de paralelepípedo, “então é para isso que serve essa palavra, para falar destas ruas neste dia exato: pa-ra-le-le-pí-pe-do.” E sorriem e se abraçam e são tão ingênuos, ela saindo dos 17, ele entrando nos 21. “Foi aqui que comprei meu terno, quer ver que casacos lindos?”, ele pergunta. Entram num brechó, a Tiffany’s de quem nunca viu diamantes, “aqui nada de mal pode nos acontecer”. Experimentam sobretudos, cachecóis, lãs importadas, “vem, entra no meu mundo, quero te mostrar onde está cada coisa”, ele pensa baixinho. E riem em frente ao espelho e colocam e tiram casacos em frente a um vendedor saído de um conto de Dalton Trevisan.
De volta às ruas, ele adora entrar em esquinas que não conhece, entram num museu, sobem escadas proibidas “rápido, rápido prá ninguém ver!”, acabam na torre do relógio. Dali ela vê telhados que devem parecer com Paris no frio, Buenos Aires durante a chuva, alguma água-furtada de Dostoiévski, um casebre de Kafka. Cinza e verde, calmo, viscoso de chuva. Mas é incrivelmente bom e provavelmente eles discutem por algum motivo, ou não, mas existe um desconforto. Ele procurando uma liberdade esquisita, que ela dá sem pedir nada em troca. Mas existe os pais dela, alguma coisa proibida. E aquela melancolia doce, na torre do relógio, “me abraça agora?”.
E eles descem os degraus correndo e entram em um restaurante, o primeiro jantar fora dos dois, ainda claro, seis da tarde. Mas não tem problema porque lá dentro é escuro e há velas na mesa, sombras, escuridão. Ele segura as mãos dela sobre a mesa, sorri e ela então tem certeza. “É aqui que queria estar e nunca mais sair desse momento.” E se enchem de orgulho de si próprios e falam amenidades e riem muito, baixinho, para ninguém invejar tanta felicidade. Mas, “sabe quando parece que está acabando?”, ela pensa, pensa mesmo sem querer. E estão tão cheios e a vida é tão linda. Mas ela sempre tem que ir embora e pegar o ônibus, caminho de volta para casa. Então ela afastou a franja da testa com um sopro e disse: “vamos.”

Vaaaaaaamos nós!!!!

Je vais à France, j'ai des tickets, je suis heureuse, lálálá!!!