vezenquando

Sunday, February 12, 2006

"Noite passada um disco salvou minha vida..."

Ganhei um livro no Natal do ano passado com depoimentos de pessoas sobre discos que marcaram a vida delas. “Noite passada um disco salvou minha vida – 70 álbuns para a ilha deserta” é o nome da coletânea dos textos escritos por jornalistas, celebridades e completos desconhecidos. É uma idéia caça níqueis – pedir para alguns amigos escrever sobre qualquer coisa e depois ganhar dinheiro com isso parece coisa de jornalista que quer ganhar dinheiro fácil. Mas, vamos admitir, é uma idéia bem boa. Antes de dormir leio um ou dois capítulos e sonho com música. Ontem sonhei com o disco que salvou a minha vida. E aí vai:

Fold your hands child, you walk like a peasant
Belle & Sebastian

Acho que o gosto musical define a personalidade das pessoas. Quem ouve Cure é melancólico, quem gosta de Strokes é moderninho e quem ouve Belle & Sebastian é waka, waka, um blasé quero ser intelectual, triste e andar de óculos de aro grosso.

Então, antes de pegar o ônibus da meia noite de Curitiba para São Paulo, fui a um show, pulei, gritei e voltei pra casa com duas amigas. No rádio do carro, um cd do Belle & Sebastian, all the way back home... Naquela noite, tudo parecia meio mágico e, por via das dúvidas, pedi o cd para tirar uma cópia. Mal sabia eu, mas aquela era a última noite que passaria com minhas raízes fincadas em solo curitibano.

Do alto dos meus 21 anos, fui com uma malinha de roupas, sem pai nem mãe, para a metrópole onde tudo acontece. Tinha acabado a faculdade, sou jovem, quero ser repórter. Era um curso de três meses e teria que sobreviver por minha conta. Mas, ao contrário de todo mundo, não fui recebida de braços abertos por São Paulo. Num apartamento pequeno demais para cinco pessoas, na Barra Funda, passava a maior parte do dia sozinha – todo mundo trabalha demais na cidade onde tudo acontece.

Então, nas tardes frias, cinza e garoentas, ouvia no laptop (baixinho para não incomodar) minha última aquisição musical. Eram canções sobre um garoto que foi pra guerra e perdeu as esperanças, because I’ll be here quite a while, de uma modelo que se surpreende uma noite, it was the best sex she ever had. E eu ali, sem saber nada da vida, querendo aprender, descobrir, mas era tão triste chegar em casa e não ter ninguém com quem conversar.

Sentia falta de tudo, abraços, família reunida no domingo, arroz com feijão, gente que soubesse meu sobrenome, dormir cedo, acordar com bom dia. E como tudo é caro nessa vida, o dinheiro que tinha levado não dava sequer para comprar o pãozinho do café da manhã. Nessas horas, já que eu estava waka waka, triste e uso óculos, ouvia aquelas músicas que me lembravam os últimos momentos em que tinha casa, amor e calma.

No fim de dois meses, o laptop foi roubado. E o gravador, o discman, algumas roupas, sapatos, o secador de cabelos, o telefone. Agora sim, estava sem condições de fazer os malditos frilas que demoravam tanto a emplacar. Já sem dinheiro nenhum, ainda vi saindo pela janela uns dez mil reais que nunca mais recuperaria. E, com eles, a possibilidade de ganhar algum para pagar o aluguel... Uma catapora caiu de presente na minha cabeça e passei a depender completamente de amigos e interurbanos a cobrar. Os únicos que me ajudariam – e ainda ajudam – a sobreviver nessa cidade cinza.

As longas noites de rock’n’roll, liberdade e possibilidades rapidamente se esgotaram e perderam o sentido. It’s been a bloody stupid day, dizia a musiquinha que eu lembrava... já que não podia ouvir.

Sem ver como, o curso acabou, arrumei um estágio, uma pensão e um rádio. Às vezes, à noite, sentia saudade de um olhar nos meus olhos e quem segurava na minha mão ainda eram a Belle e o Sebastian... Don’t leave the light on baby, I’ll see you sometime maybe…

Ainda hoje, quase três anos depois, quando me acontecem essas tardes em que São Paulo parece um deserto de almas, o cd pirata já meio abatido, me dá um Nice day for a jam. Aí eu pinto as unhas de vermelho e respiro fundo. Porque, afinal de contas, todo mundo tem o direito de ser waka waka, melancólico ou moderninho uma hora ou outra.

Friday, February 03, 2006

Quando a Funhouse Virou James

He-hein? Como assim? você pergunta. Éééé, respondo, Demorou, mas virou.

Estava gestando o pensamento há pelo menos uma semana, quando, durante as férias, voltei ao James, saudoso bar curitibano onde tanto aprendi durante o horário da faculdade (as melhores aulas naquelas mesas às vezes até com o professor também matando aula), depois da faculdade... James amigo, que começou sem essa frescura de Dj e tocava Cure, Flaming Lips, James, Travis, Smiths... e aos poucos mudou até nos expulsar das mesas, encher até o limite da sufocação, abrir um mezanino (!!!) ... ou seja até virar uma Funhouse sem jukebox.

E não é que eis que pois, senão quando, de volta à capital paulista, entro na Funhouse, para mais uma quinta-feira de 'balada, certo, mina?', e me deparo com um Dj do James tocando lá? Ãhn? Cã-como?
Pois é... Algumas bandas de Curitiba já passaram por lá, mas nem valeu. Por fim, ontem, pela primeira vez: Flaming Lips e Blondie na pista!!! Iei! É, faltou Disco 2000 e Capitalism stole my virginity (em voga nas baladinhas de sexta quando parei de freqüentar o amigo James), mas ok, minha teoria estava comprovada. James e Funhouse SÃO a mesma coisa. E, pior, eu gosto dos dois.
Tirando que num eu pago um quinto do outro prá sair e encontro mais caras conhecidas. Mas por pouco tempo, hohohoho!

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Sim, esse é um post que só eu vou entender... mas o blog é meu e eu faço o que eu quiser, humpf!

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E... tchau!